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O parto pelo SUS: meu pequeno nasceu!

O parto pelo SUS: meu pequeno nasceu!

Meu pré natal, parto e pós (recuperação) foi pelo Hospital Conceição de Porto Alegre – SUS, um dos hospitais reconhecidos por parto naturalizado aqui do Rio Grande do Sul, que por sinal, a maternidade está linda, toda reformada!

Mas vim aqui para contar a minha experiência e confesso: não trocaria o atendimento que eu tive lá por um hospital particular, fiz todos os exames possíveis e impossíveis por lá.

Por causa da minha glicose que estava um pouco alta, foi decido que o meu pré natal seria feito no Posto de Saúde e no Hospital, acompanhado por vários especialistas.

A médica obstetra era bastante seca, mas pediu todas as ultras, exames e respondia as perguntas feitas.

Neste período descobrimos que o Otto poderia ter sopro no coração, e por isso também era acompanhado todo mês para ver o fechamento do orifício em uma das câmaras do coração.

No final da gravidez, passei a fazer semanalmente monitoramento no centro obstétrico, onde era verificado o coração do bebê, pressão, diabete, dilatação e faziam ecografia para ver perda de liquido amniótico, o crescimento do bebê e seus movimentos.

Antes de ganhar o Otto, fizemos uma visita na maternidade para conhecer os procedimentos, saímos de lá apaixonados.

Poderia ter o “meu parto normal” usando vários recursos (tipo cavalinho ou bola) para ajudar na evolução da dilatação, todas as técnicas e procedimentos, eram informados e realizados através da autorização dos pais.

No dia 3 de abril, acordamos cedo e partimos para o centro obstétrico, fiz a entrevista com o médico responsável naquele dia.

Falei que estava com diabetes gestacional, o meu bebê estava previsto para ter mais de 3 quilos e meio e que os médicos do Conceição tinham sugerido a indução do parto com 39 semanas seguido com uma guia de internação.

Ele pediu para voltar para sala de espera, já que tínhamos chances de voltarmos para casa, caso não tivesse vaga no hospital, voltando no dia seguinte e fazendo o mesmo procedimento.

Neste momento eu e o marido ficamos com o coração na mão, já tínhamos ido com toda a “bagagem” para internação naquele dia.

 

 

Depois de meia hora fui chamada pela enfermeira pedindo para trocar a roupa pois ali começava a minha internação.

Minha glicose estava super baixa, já que fui para o hospital de jejum, conforme indicação, então eles me deram gelatina para poder entrar no processo de parto.

Fui levada para a ala de parto e o marido deu entrada na internação, me mandaram para um banho de água quente para ajudar na dilatação.

Quando voltei, marido já estava por lá acompanhando tudo, fomos para nosso quarto e começou o monitoramento do bebê e da mamãe.

 

 

Decidiram fazer a indução do parto com uma pílula que é introduzida a cada 4 horas para aumentar a dilatação.

Porém, ali acabou o meu sonho do parto normal, a médica colocou com tanta vontade o remédio que estourou a minha bolsa.

O líquido amniótico saiu com mecônio e por ter só 2 dedos de dilatação, me encaminharam para uma cesárea de emergência.

Em pleno caos, começaram os preparativos, fizeram depilação e começaram a administrar soro e remédios.

Tivemos que aguardar um pouco, já que outra paciente estaria sendo operada e logo em seguida, eu entraria para fazer o parto.

Caso meu bebê tivesse algum problema ou risco, meu parto seria feito em outra sala que era realizado o forceps, e que eles estavam pré preparando para uma futura cesárea.

Não lembro o horário que fomos para cirurgia, mas era começo da tarde e ali começava o meu parto cesárea “natural”.

A enfermeira pediu para sentar na mesa de cirurgia, pediu para meu marido se trocar e ali conhecia os médicos anestesistas que me acompanhariam até o pós parto, super simpáticos.

A enfermeira pediu para abraçá-la e os médicos passaram um líquido muito gelado nas costas, aplicaram a anestesia local e logo em seguida a outra anestesia para realizar a operação (eu não lembro qual foi).

Em todo momento, eles iam falando o que iria acontecer comigo e se estava tudo bem.

Logo perdi a sensibilidade do peito para baixo, me cobriram, prenderam os meus braços, colocaram todos os aparelhos de controle e soros, meu marido entrou e começaram o parto.

Dois médicos realizaram a operação, um residente e outra era uma médica com mais de 60 anos, o Papai Vip comentou que ela foi “ninja”, melhor médica que ele tinha visto até aquele momento.

Eu não lembro de nada, não senti nada, nem o cheiro da minha pele sendo cauterizada.

Logo que o Otto nasceu, ele foi colocado no meu peito, para ficar contato pele a pele por mais de uma hora.

Assim, ele poderia mamar nesses primeiros minutos e fortalecer seu sistema imunológico.

Lembro perfeitamente de reclamar com meu marido que não conseguia ver o rosto do meu bebê, estava ficando angustiada com tudo aquilo.

O Papai Vip levantou e tirou uma foto, eu ficava olhando a foto, beijando sua cabeça e falando “oi passarinho, mamãe está aqui, não chora”… o Papai Vip chorando ao meu lado, foi o nosso grande momento: o nascimento do nosso filho!

 

 

 

Depois disso, o bebê foi pesado, avaliado e tomou as primeiras vacinas, tudo com o marido acompanhando.

Nisso os médicos estavam terminando o meu processo operatório.

Quando terminaram, voltei para o quarto e logo em seguida o Otto foi colocado junto comigo, ficou assim o tempo todo.

Ele nasceu as 14h52 com 3 quilos e 280 gramas, meu pequeno meninão ♥

 

 

Apenas duas coisas me deixaram chateadas, até aquele momento:

o fim do meu sonhado parto normal e de não ter dado um cheiro, segurando nos braços  para amamentar, olhando o rostinho do meu pequeno, logo após de nascer.

Depois de meia hora de ter saído da sala de operação, fui encaminhada para outro andar para observação.

Já tinha recuperado 50% dos movimentos e começaram a furar o pé do meu pequeno para o controle da glicose, que estava super baixa.

Chegou a hora de amamentar!

 

 

Essa foto foi o nosso momento tão sonhado, aonde eu consegui abraçar, cheirar e dar mama para o meu bebê depois da cirurgia.

Também foi o momento que consegui analisar melhor cada detalhe, saber se tinha algo de estranho.

Ele não tinha nada a ver com o que eu imaginava, um bebê careca e gordinho.

Começava a fase “oi estranho”, mas também não conseguia parar de olhar e proteger a minha cria.

Otto foi a sensação da maternidade, onde passava arrancava suspiros, principalmente pelo furinho no queixo e por ter nascido com carinha de homem.

Por causa da baixa glicose no sangue e dos meus remédios, era um bebê dorminhoco e mal chorava. Foi eleito um dos bebês mais calmos do Conceição.

 

 

Depois de recuperar todos os meus movimentos, fui encaminhada para o quarto com duas camas.

Aí começou o meu desconforto!! Não esperava luxo, esperava só um pouco de atenção e paciência das técnicas de enfermagem.

Quando cheguei ao quarto, pediram para passar da maca para cama, sozinha, arrastando o corpo.

Ali eu senti uma das minhas piores dores, chorava e comecei a ficar com muita raiva da médica que tinha estourado a minha bolsa.

Pediram para não me movimentar muito, até chegar o lanche e logo depois de comer, elas dariam um banho.

Neste momento o meu corpo reclamava horrores, eu já queria levantar e sentar, mas fui proibida.

Chegou a hora do banho!

Pediram para me levantar e saíram do quarto, a minha sogra me pegou nos braços, respirei fundo e foi…

Meu Deus, a pior dor que eu já tinha sentido na vida.

No banho tive ajuda da técnica de enfermagem e da minha sogra, logo depois, fomos deixada sozinhas para descansar.

Depois do banho, mal conseguia ficar na cama pois a dor era menor quando eu estava em pé ou sentada.

Para ajudar, a cada hora entrava alguém para aplicar algum remédio, examinar eu ou o bebê.

 

 

Um breve relato sobre a amamentação: não sei qual é pior – a cicatrização da cesárea ou a amamentação….

Encarar as duas dores juntas, não é fácil e pensei que teria ajuda, doce ilusão.

Quando eu pedia ajuda, as técnicas de enfermagem só olhavam para mim e falavam “a pega está errada”.

Ensinar a pega correta, ninguém ensinava.

Pelo Otto dormir demais, foi dado fórmula para o bebê, que era para ser introduzido por uma sonda… era, foi dado em copinho para ele, já que ele não sugava o leite.

Na terceira mamada da fórmula, a enfermeira chefe examinou os meus seios e falaram que estavam empedrados de leite, que era necessário retirar para não ter problemas mais a frente.

Perguntei se poderia dar peito ao meu filho, já que eu tinha leite suficiente no peito.

Ela liberou e retirou a fórmula da ficha.

Mas também não me ensinou ou deu uma luz para poder amamentar o meu filho.

Toda vez que ele ia se alimentar, eu chorava e algumas vezes, chegava até gritar de dor.

Só tive apoio com as enfermeiras do turno da manhã, que analisaram o que estava acontecendo:

Otto mamava mordendo a mama, no lugar de sugar.

Esse processo de aprendizado, durou um mês e meio, com esforço, muita dor e força de vontade.

A cama do hospital foi meu outro pesadelo. Era uma maca de metal com um colchonete por cima.

Toda vez que eu deitava, o meu corpo doía, além dos espasmos nas pernas.

Só consegui dormir na madrugada de quarta, quando aplicaram um remédio para me “apagar”, já que estava desde segunda-feira com os olhos arregalados.

 

 

Outra coisa que as técnicas de enfermeiras não fizeram: ensinar meus acompanhantes e eu a ajustar e mexer a maca!

 

 

Toda vez que eu precisava levantar, era puxada pelos braços e isso, fazia a minha cesária doer horrores.

Um dia uma enfermeira perguntou porque eu me levantava assim e expliquei que não tinha força para fazer sozinha.

Ela olhou para o nada e falou “mas você sabe que a maca fica na posição de sentada, assim, fica mais fácil de sair”.

Ai que ódio me deu no coração naquele momento.

Teve mais, ela falou que chegou a perguntar para as técnicas o porque estava levantando daquela forma e falaram que é por que eu gostava… como assim Dona Maria????

Outros absurdos que aconteceram no pós parto:

Cheguei a tomar insulina (nunca tomei, era só comprimido para controle da glicose gestacional), mas de manhã era servido pão francês com margarina, almoço tinha macarrão com arroz, sobremesa pudim industrial…

Não vi uma dieta específica, não ganhei nenhuma fruta, o meu marido ou a minha sogra que traziam de casa.

Na quinta-feira, passamos pela última avaliação, sendo que a ginecologista ia verificar se eu voltaria para casa, já que a minha pressão tinha subido (claro, não conseguia dormir por causa das dores da operação).

Às dez da manhã recebi a minha alta.

Cheguei em casa, tomei um banho mega demorado e deitamos, dormimos o restante do dia, acordando só para amamentar o bebê.

Que saudades eu tive da minha cama, da minha casa, do meu canto ♥♥

A dor da operação foi melhorando, com duas semanas conseguia fazer tudo.

Porém, tive uma inflamação por causa de anemia e tiveram que abrir a cesárea para fazer uma limpeza, que era diária, cicatrizando de dentro para fora durante um mês.

Claro, sempre odiando a médica que estourou a minha bolsa na hora de induzir o parto. Alguém tem que levar a culpa, não é?

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